Em live realizada no seu canal oficial no Youtube, a comunidade do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) refletiu, na tarde desta terça-feira (05), sobre a temática da “Igualdade Salarial e Laboral entre Homens e Mulheres e Política de cuidados”.
A pauta, idealizada por ocasião dos eventos institucionais relacionados ao dia 8 de março, foi abordada pela secretária nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados, Rosane da Silva, que abriu a programação da semana apresentando um panorama das ações recentes realizadas pela pasta federal.
O reitor Julio Santos, a gestora do programa Teresa de Benguela, Laura Ayoama e a presidente da Comissão Elas no IFMT, Regina Oléa falaram sobre as ações e programas institucionais de atendimento às mulheres em situação de vulnerabilidade na sociedade e, internamente, sobre a construção de equidade e inclusão feminina nos espaços de poder e gestão. O reitor citou, ainda, a disposição do IFMT “em avançar na parceria com o Ministério das Mulheres”.
A secretária Rosane abordou as raízes e o cenário atual da segregação ocupacional feminina comprovada através de estatísticas recentes, e apresentou o trabalho realizado por dois Grupos Interministeriais para a criação de políticas públicas de atendimento a esses desafios permanentes.
“São muitas as barreiras para a conquista da autonomia econômica das mulheres: dificuldade para se inserir no mercado de trabalho; uma vez inseridas, para acessar ocupações com condições de trabalho dignas. Uma vez ocupadas, dificuldade para permanecer e, mais ainda, para progredir,” ponderou.
Segregação ocupacional
As mulheres recebem, em média, 79% dos rendimentos masculinos, segundo dados revelados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do 4° trimestre de 2023. A análise mostra, ainda, que a amplitude da desigualdade é maior entre mulheres negras e homens brancos.
A segregação ocupacional é um termo que explica as diferenças de profissões, remunerações e cargos entre mulheres e homens. Por estarem em ocupações ou profissões que remuneram menos ou porque é um nicho feminino as ocupações associadas ao sexo feminino são menos valorizadas socialmente.
Essa noção de que as mulheres se adequam melhor às tarefas de casa e aos cuidados perpetua as barreiras para a construção de trajetórias pessoais e profissionais com autonomia e a reprodução da divisão sexual do trabalho.
“A persistência dessas desigualdades de ocupações e salários mesmo com a elevação da escolaridade feminina ocorre através de argumentos sobre os custos maiores para a contratação de mulheres. A tese é baseada na oposição entre o trabalho remunerado e as tarefas de cuidado que as mulheres costumam desempenhar dentro das famílias, por uma série de fatores,” completou.
Relação entre jovens mulheres, cuidados e mercado de trabalho
Segundo dados do IBGE, divulgados em dezembro de 2023, mulheres são dois em cada três dos 10,8 milhões de jovens brasileiros que não estudavam e que também não estavam ocupados na força de trabalho.
Na totalidade de jovens que indicaram como principal motivo de não ter buscado trabalho, a ocupação doméstica ou de cuidados, mas que gostariam sim de trabalhar, 97% são mulheres, sendo a enorme maioria composta por mulheres negras ou pardas.
Rosane da Silva enfatizou o esforço do Ministério das Mulheres em liderar a criação de uma Política e um Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral e de uma Política e um Plano Nacional de Cuidados, em que haja uma responsabilidade compartilhada entre o Estado, as famílias e o próprio mercado de trabalho. A proposta da política e do Plano Nacional de Cuidados está sendo finalizada depois de um trabalho de escuta que ocorreu ao longo de 2023.
“Que a gente possa numa próxima oportunidade mostrar o quadro de uma equiparação melhor. Não somente pela presença das mulheres no mercado de trabalho, mas pela ascensão das mulheres em cargos de direção. E que a gente possa diminuir a sobrecarga do trabalho doméstico e de cuidado na vida das mulheres”, afirmou.
Depois de assistir um vídeo sobre o programa Teresa de Benguela, que desde 2017 contribui para o empoderamento feminino, o combate a violência contra a mulher e a elevação de renda por meio da capacitação, a secretária encerrou reconhecendo o papel das instituições públicas de ensino na construção e ampliação desse debate.
“Consideramos que as organizações sociais, em especial, as de educação, como o IFMT podem contribuir para a elaboração dessas políticas públicas que estão sendo construídas a partir do governo federal, inclusive divulgando-as, como neste debate tão importante para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e livre de discriminações e preconceitos,” encerrou.
Assista a live Igualdade Salarial e Laboral entre Homens e Mulheres e Política de Cuidados AQUI